domingo, 23 de janeiro de 2011

Mais uma parada para reflexão



Paremos em um instante de reflexão, pensemos neste modelo de vida em que vivemos e no que podemos viver. Olhe a sua volta, onde estão as mulheres? O que elas fazem neste exato momento? Foquemos mais um pouco, e se estas mulheres forem negras, pobres onde elas estariam agora? O que estariam fazendo? Neste momento elas podem estar nas ruas, dentro de suas casas, em seus trabalhos, mas, não deixam de sofrer de uma limitação. Muitas são trocadas, estupradas, oprimidas, dominadas pelo simples fato de serem de uma cor “diferente”, um cabelo “diferente”, mas o que é diferente?
Vivemos em um mundo altamente capitalista onde “um devora o outro” objetivando somente o aumento de suas riquezas. São relações individualistas e de exploração. Discursos hegemônicos e eurocêntricos ainda nos rodeiam, estão à espreita para nos devorar, nos homogeneizar, hierarquizar, coisificar. Deve-se tomar cuidado para que não se chegue à consequências desastrosas de ser-mos reduzidos de consumidores a consumidos por nosso próprio pré-conceito.
A análise do discurso crítico, como meio de desconstrução da ideologia dominante é um bom primeiro passo que ajudará a desmascarar ideologias, poderemos avaliar e julgar de forma mais coerente e reflexiva, ideologias “plantadas”, sabendo que (“...) quem fala, fala de algum lugar, a partir de um direito reconhecido institucionalmente.” (Ivia Alves).
Sei que até o momento falei sobre mulheres, sei também que não são somente mulheres que sofrem de discriminações e opressões, homens que não compartilham da masculinidade hegemônica e que não estão dentro dos parâmetros dos sujeitos universais também sofrem. No entanto a mulher somente por sê-la já é destituída de privilégios, que por sua vez os homens gozam.
Neste primeiro ano do curso de Bacharelado em Gênero e Diversidades da Universidade Federal da Bahia, aprendemos muito, nossa mente se abriu para novas possibilidades, para coisas que antes nos eram invisíveis, ocultas, sem importância. Entendemos que gênero não é o mais importante, mas é essencial para ser analisado a partir de suas articulações classe, raça/etnia, idade/geração e outras que se julguem necessárias. Entendemos também que o “Pessoal é político” e que o “Político é coletivo” e que a política é a pluralidade, liberdade, potencial de revolta, conflito. Devemos lutar por uma igualdade nos âmbitos social, político, econômico e em outros campos. Joan Scott diz que igualdade e diferença são uma falsa dicotomia, já que na igualdade já está incluso um sujeito político que supõe diferenças. Diferença não é desigualdade, as pessoas são únicas, invioláveis, sagradas, insubstituíveis, plurais e singulares. Pedimos então uma igualdade na diferença. Lutemos por uma igualdade substantiva mais equivalente, equilibrada, para que possamos ser cidadãs.
Ainda hoje em nome de ideologias racistas que mascaram, limitam e falseiam praticam-se atos violentos e cruéis contra mulheres, homens e grupos simplesmente pela cor da pele, religião, orientação sexual ou partido político. Onde estão sendo assegurados nossos direitos? Onde está o Estado? A sociedade precisa se organizar objetivando uma mudança nesta realidade, para que possam ser garantidos nossos direitos de ser-mos livres, e iguais no sentido político.
Encerro com a seguinte frase “Creio na união dos saberes e experiências, que sejam bases sustentáveis para um feminismo crítico capaz de produzir um olhar geopolítico” (Yuderkys Espiñosa Miñoso, Bahia, 2010). Somente a produção e disseminação de novos saberes associadas a lutas e marchas poderemos lutar pela libertação das ideologias hegemônicas que aprisionam mentes e corpos.

(Reflexão retirada da atividade baseada no curso Racismo e suas articulações de gênero, classe e sexualidade na pós-colonialidade Latinoamericana e Caribenha”)